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domingo, 15 de maio de 2011

[ARTIGO] Teoria Desenvolvimentista e Adaptativa do Pensamento Humano de Piaget

Por Leonardo Rafael


Jean William Fritz Piaget nasceu na Suíça no final do século XIX, estudou biologia e depois se dedicou a estudar a Psicologia e a Educação. Piaget faz parte de um grupo de pensadores conhecidos como construtivistas, que acreditavam que o conhecimento era construído com o passar do tempo, diferente dos pensadores ditos behavioristas, que acreditavam que o conhecimento era totalmente determinado pelos estímulos vindos do ambiente externo.

A Psicologia é uma ciência que se baseou bastante em conceitos biológicos e, com Piaget, não poderia ser diferente, visto que o próprio se formou em biologia na Suíça. Ele adotou o conceito de inteligência como um processo desenvolvimental, e propôs uma explicação para o fato de como os bebês, que nascem inteiramente ignorantes, chegam a compreender as complexidades do mundo.

Vamos fazer uma analogia: um cientista quer descobrir como acontece o processo de divisão celular, mas ao colocar no microscópio o material, ele não consegue diferenciar as partes da célula, além de o processo ser muito complexo para ser compreendido. Para tanto, ele utiliza corantes para destacar certas estruturas e tira uma série de fotografias para analisar o processo cuidadosamente. Assim, ele repete o experimento diversas vezes e consegue chegar a conclusões mais precisas sobre os procedimentos de divisão celular. Foi assim que Piaget fez para estudar o desenvolvimento intelectual das crianças: ele aplicou diferentes experiências (corantes) a crianças de idades diferentes e fazia perguntas (fotografias) para esclarecer alguns aspectos desenvolvidos pela experiência. Assim, ele criou padrões – estágios – de desenvolvimento e os ordenou de forma lógica e sequencial. Esses estágios são: sensório-motor, pré-operacional, operacional concreto e operacional formal.

Para Piaget, a inteligência também é um processo adaptativo. O cérebro é uma parte viva, portanto sobre ele também são aplicadas as propriedades naturais, dentre elas, a da adaptação, havendo uma relação de equilíbrio entre o intelecto e o ambiente.

Nesse conceito, Piaget introduz a ideia de acomodação e assimilação. Vamos com mais uma analogia: uma ameba, para se alimentar, precisa realizar projeções no seu corpo para englobar partículas do meio (assimilação) e seleciona o tipo de enzima digestiva, de acordo com a natureza química da partícula englobada, para poder absorvê-la (acomodação). O mesmo acontece com seres humanos: as experiências que temos na vida são introduzidas na nossa mente e modificadas para se ajustar à estrutura do nosso intelecto (assimilação), porém a estrutura da nossa mente também precisa se adequar à nova experiência assimilada (acomodação). Verifica-se que muitas experiências não são assimiladas porque não se adaptam à nossa estrutura mental ou nossa mente não consegue se adequar à nova experiência. A acomoação e a assimilação, juntas, proporcionam um estado de equilíbrio cada vez mais estável de adaptação.

A teoria do Piaget, portanto, é diferente das teorias de outros pensadores, como a do estadunidense Burrhus Frederic Skinner, que rejeita a subjetividade do ser humano, afirmando que a aprendizagem se dá única e exclusivamente a partir das influências do meio externo, atuando este como fator determinante na formação intelectual das crianças.

Em suma, conclui-se que Piaget contribuiu muito para entender como acontece o desenvolvimento intelectual humano e auxiliou na estruturação da educação de crianças.


Fonte:

RICHMOND, P. G. Piaget: teoria e prática. São Paulo: IBRASA. 1987, cap. 2.

http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/d00005.htm

http://www.cerebromente.org.br/n08/mente/construtivismo/construtivismo.htm

Um comentário:

  1. Cara, ótimo texto. Eu acho que entre os pensadores o único que me parece mais "pé no chão" é Piaget (Acho que tenho tendência a gostar mais da teoria dele por ele ser biólogo)

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