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quinta-feira, 26 de maio de 2011

[ARTIGO] Passado, presente e futuro da educação brasileira: poucas mudanças

Historicamente sabemos que o sistema familiar era essencialmente patriarcal e foi este sistema que importou as formas de pensamento e idéias dominantes na cultura medieval européia, feita pela obra dos Jesuítas.
Nesta época apenas aos donos de terra e senhores de engenho cabia o direito à educação. Lembrando que eles formavam a minoria da população e para agravar a situação eram excluídos os filhos primogênitos e as mulheres. Portanto a essa restrita classe dominante estava destinada a educação escolarizada e.a educação transmitida pelo clero só visava a formar letrados eruditos
Mais tarde os objetivos da ação dos jesuítas eram a catequese e conversão da população indígena, a qual se deu por escolas elementares para os curumins que se estendia aos filhos de colonos. Já para os homens da classe dominante era dada a educação média e parte destes ia para a educação superior religiosa.
Desta forma a educação brasileira foi limitada por todo o período colonial e imperial, atingindo o republicano. As consequências são sofridas ainda hoje em todo o território nacional, principalmente em regiões mais distantes e pobres do norte.
Passamos à Constituição da República de 1891, que instituiu o sistema federativo de governo, consagrou a descentralização do ensino: art. 35, itens 3º e 4º, reservou à União o direito de criar instituições de ensino superior e secundário no Distrito Federal. Delegando aos estados competência para prover e legislar sobre a educação primária.
Dentre as diversas reformas no sistema educacional brasileiro, vemos a Lei Orgânica Rivadávia Corrêa. No Governo do Marechal Hermes da Fonseca, em 1911, chegaram a ocasionar um retrocesso na evolução do sistema, em virtude de facultar total liberdade e autonomia aos estabelecimentos e suprimir o caráter oficial do ensino, o que trouxe resultados desastrosos. Mas, a reforma Carlos Maximiliano representou uma contra marcha: reoficializou o ensino. A República foi uma revolução que abortou e que, não teve a decisão de realizar uma transformação no sistema de ensino.
Com o federalismo, o Estado era autônomo também no plano educacional, as disparidades regionais foram acentuadas. Colocando o ensino à mercê das circunstâncias político-econômicas locais, aprofundou a distância que já existia entre os sistemas escolares estaduais. O liberalismo político e econômico foi o fator relevante no aumento das desigualdades sócio-econômicas e culturais das diversas regiões do país.
Pelo exposto acima se observa que o sistema educacional brasileiro já vem sendo sucateado, abalado e desprezado desde o Brasil colônia. O que sentimos e percebemos atualmente não é nada novo, apenas uma continuação do que sempre tivemos. Demonstrações de descontentamento com a educação brasileira sempre existiu e sempre vai existir. Como vimos no Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, o qual tenta determinar pontos que precisam ser vistos para uma evolução no ensino, mas mesmo que alguns destes parâmetros tenham sido incorporados na LDB, não se garante que eles sejam realmente cumpridos. É aí que está o nosso problema crônico. Infelizmente o esforço de uma pequena parte é destruído por outra pequena parte detentora de poder, sendo que é a grande maioria que se prejudica.

Mário Sérgio Duarte Branco

Referências:

ROMANELLI, Daíza de Oliveira. História da Educação no Brasil. 31.ed. Petrópolis, RJ.: Vozes, 2007. Fatores atuantes na evolução do sistema educacional brasileiro. Cap. 2. ps.33 -47

MENEZES, João Gualberto Carvalho et al. Educação básica: políticas, legislação e gestão- leituras, SP: Thompson, 2004. SNE. Cap. 5 os 87 -0 98.



[Pensadores] Pierre Bourdieu

Pierre Félix Bourdieu nasceu em Denguim, no sudoeste da França, em 1930. Formou-se em Filosofia pela Faculdade de Letras, em Paris. Suas obras no campo da antropologia e sociologia são extremamente influentes, sendo um dos autores mais lidos nestas áreas.
Em relação à educação, Bourdieu, após investigações sociológicas, sugere que a escola serve para reproduzir e conservar a estrutura social vigente. Ou seja, a visão de que a ascensão social decorre da instrução escolar é apenas mero devaneio e casos que fogem a esta regra são exceções que só vem reforçar a manutenção deste sistema. Dentro deste contexto Bourdieu insere o conceito de capital cultural, o qual explica bem sua teoria de conservação e reprodução social na educação.
O capital cultural é usado para explicar as desigualdades de desempenho escolar de alunos provenientes de diferentes classes sociais, desta forma, sendo dividido em três estados: estado incorporado, estado objetivado e estado institucionalizado. O estado incorporado tem origem, principalmente, na família do aluno, onde o ambiente em que ele é criado determina um maior ou menor capital cultural, sendo assim, indivíduos de famílias cultas terão maior facilidade de aprendizado devido ao acúmulo de conhecimento advindo de sua própria família. O estado objetivado existe através de bens culturais, onde aquisição de livros e obras literárias influenciará no capital cultural, o que não deixa de ser consequência do capital cultural incorporado. O estado institucionalizado do capital cultural é refletido pela aquisição de diplomas escolares e títulos. Em resumo, podemos perceber que o capital cultural está enraizado na herança familiar de conhecimentos, os quais podem vir sob a forma de ensinamentos e materiais que transmitam conhecimento, como os livros. Esta herança será determinada pelo capital cultural e econômico dos pais e até mesmo dos avós do indivíduo, contudo a escola só irá tratar de reproduzir e conservar esta situação.
Bourdieu explica que um meio de se quebrar este ciclo seriam práticas educativas que partissem do pressuposto que todos os alunos estão no ponto zero, porém os mestres e professores sempre baseiam suas aulas pressupondo que alguns alunos já possuem um capital cultural herdado. Este tipo de metodologia escolar apenas provoca a conformação daqueles menos favorecidos com a sua posição inferior.
Quando a ascensão de pessoas de classes inferiores ocorre, se atribui ao interesse, boa vontade e esforço do aluno, tratando, desta maneira, os indivíduos que possuem bom nível de capital cultural herdado como crianças que possuem o “dom” e assim mascara-se a desigualdade social, transformando-na em uma desigualdade aceitável. Com estes pensamentos, Bourdieu quebrou paradigmas da educação, institui um novo meio de se avaliar o sistema educacional e criou uma visão pessimista da escola, mas apesar de críticas quanto a isso, suas conclusões não foram contestadas.


Mário Sérgio Duarte Branco

Fonte:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_Bourdieu

http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/pierre-bourdieu-307908.shtml

BOURDIEU, Pierre. Escritos de educação. Petrópolis: Vozes, 1998.

terça-feira, 17 de maio de 2011

[ARTIGO] Manifesto dos Pioneiros - Um Manifesto a Educação

Por: Daniel A. Dos Santos

O que seria de um pais sem educação? De que adiantaria altos investimentos em diversos setores economicos de um pais se nao tiverssemos profissonais capacitados para ocupar cargos nesses setores? Como vemos, a educação, nao so no ambito economico, e de suma importancia para o crescimento de um pais mas infelizmente no Brasil esse assunto nao foi muito levado a serio. Ano apos ano o que se nota e um problema sempre “levado com a barriga” onde apenas medidas paliativas sao tomadas.

A Constituição Brasileira de 1988 estabelece que "educação" é "um direito para todos, um dever do Estado e da família, e está a ser promovida com a colaboração da sociedade, com o objetivo de desenvolver plenamente o desenvolvimento integral da personalidade humana e a sua participação nos trabalhos com vista ao bem-estar comum. Alem disso, prover para que isso venha ser cumprido, como em construcao de escolas, compra de materiais, reciclagem de professores e adequamento de salarios. Segundo o Relatório de Monitoramento de Educação para Todos de 2010, da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), a qualidade da educação no Brasil é baixa, principalmente no ensino básico.

O relatório da Unesco aponta que, apesar da melhora apresentada entre 1999 e 2007, o índice de repetência no ensino fundamental brasileiro (18,7%) é o mais elevado na América Latina e fica expressivamente acima da média mundial (2,9%). O alto índice de abandono nos primeiros anos de educação também alimenta a fragilidade do sistema educacional do Brasil. Cerca de 13,8% dos brasileiros largam os estudos já no primeiro ano no ensino básico. Neste quesito, o País só fica à frente da Nicarágua (26,2%) na América Latina e, mais uma vez, bem acima da média mundial (2,2%).

Ainda segundo dados do PNAD, em 2007, a taxa de literacia brasileira foi de 90% da população, o que representa 14,1 milhões de analfabetos no país, já o analfabetismo funcional atingiu 21,6% da população. O analfabetismo é mais elevado no Nordeste, onde 19,9% da população é analfabeta. Ainda segundo o PNAD, o percentual de pessoas na escola, em 2007, foi de 97% na faixa etária de 6 a 14 anos e de 82,1% entre pessoas de 15 a 17 anos enquanto o tempo médio total de estudo entre os que têm mais de 10 anos foi, em média, de 6,9 anos.

Apesar disso tudo o espirito de mudanca na educaçao nunca se extingou, a essa notoria falta de compromisso com a educação surgiu a tempos atras um Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova a qual explicitava diversos parametros e pricipios que posteriormente foram tomados como base para a LDB do Brasil. Um dos diversos principios é uma acessibilidade maior a todos os cidadãos e com um ensino de qualidade que essencial para formação de um individuo.

Poderíamos citar diversas fórmulas de realizarmos uma mudança no sistema de ensino brasileiro, mas somente funcionará, se olharmos para educação como um processo contínuo e duradouro. A começar por mudanças de pensamento ou mesmo de atitude e não satisfeitas com meros “arranjos”. Assim como esse Manifesto podemos tomar e cobrar ações que visem uma educação que dar “ao povo a consciência de si mesmo e de seus destinos e a força para afirmar-se e realizá-los, entretém, cultiva e perpetua a identidade da consciência nacional, na sua comunhão íntima com a consciência humana.”


Dados:

http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,qualidade-da-educacao-no-brasil-ainda-e-baixa-aponta-unesco,498175,0.shtm

PNAD 2007

[ARTIGO] Paulo Freire e a Pedagogia da Libertação

Paulo Freire nasceu em 19 de setembro de 1921 em Recife e apesar de sua família fazer parte da classe média, Freire vivenciou a pobreza e a fome na infância durante a depressão de 1929, uma experiência que o levaria a se preocupar com os mais pobres e o ajudaria a construir seu revolucionário método de alfabetização. Por seu empenho em ensinar os mais pobres, Paulo Freire tornou-se uma inspiração para gerações de professores, especialmente na América Latina e na África. Para o educador, o objetivo maior da educação é conscientizar o aluno. Isso significa, em relação às parcelas desfavorecidas da sociedade, levá-las a entender sua situação de oprimidas e agir em favor da própria libertação. O principal livro de Freire se intitula justamente Pedagogia do Oprimido e os conceitos nele contidos baseiam boa parte do conjunto de sua obra.

Ele foi quase tudo o que deve ser como educador, de professor de escola a criador de idéias e "métodos". Tinha uma filosofia educacional que expressou-se primeiramente em 1958 na sua tese de concurso para a universidade do Recife, e, mais tarde, como professor de História e Filosofia da Educação daquela Universidade, bem como em suas primeiras experiências de alfabetização como a de Angicos - RN, em 1963. No ano seguinte, foi convidado pelo presidente João Goulart para repensar a alfabetização de adultos em âmbito nacional.
A coragem de pôr em prática um autêntico trabalho de educação que identifica a alfabetização com um processo de conscientização, capacitando o oprimido tanto para a aquisição dos instrumentos de leitura e escrita quanto para a sua libertação fez dele um dos primeiros brasileiros a serem exilados. Foram dolorosos 16 anos de exílio mas também muito produtivos: uma estadia de cinco anos no Chile como consultor da Unesco no Instituto de Capacitação e Investigação em Reforma Agrária; uma mudança para Genebra, na Suíça em 1970, para trabalhar como consultor do Conselho Mundial de Igejas, onde desenvolveu programas de alfabetização para a Tanzânia e Guiné-Bissau, e ajudou em campanhas no Peru e Nicaraguá; em 1980, voltou definitivamente ao país, passando a ser professor da PUC-SP e da Univesidade de Campinas (Unicamp).

Paulo Freire delineou uma Pedagogia da Libertação, intimamente relacionada com a visão marxista do Terceiro Mundo e das consideradas classes oprimidas na tentativa de elucidá-las e conscientizá-las politicamente. As suas maiores contribuições foram no campo da educação popular para a alfabetização e a conscientização política de jovens e adultos operários, chegando a influenciar em movimentos como os das Comunidades Eclesiais de Base (CEB). Além da mudança metodológica que Paulo Freire trouxe para a educação, sobretudo a de adultos, outra mudança fez seu trabalho ainda mais importante. “Ele revolucionou filosoficamente a maneira como encaramos a educação, de simples ensinar, para uma forma de promover a liberdade do indivíduo”, conta o senador Cristovam Buarque (PDT-DF).

No entanto, a obra de Paulo Freire não se limita a esses campos, tendo eventualmente alcance mais amplo, pelo menos para a tradição de educação marxista, que incorpora o conceito básico de que não existe educação neutra. Segundo a visão de Freire, todo ato de educação é um ato político.

Por: Daniel A. dos Santos

Fontes:

http://www.projetomemoria.art.br/PauloFreire/index.jsp

http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Freire

http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/mentor-educacao-consciencia-423220.shtml

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142001000200013

http://vidaeducacao.com.br/?p=871